domingo, 9 de outubro de 2011

Amebíase

Os Sarcodina de interesse médico estão incluídos em quatro famílias: Entamoebidae, Hartmannelidae, Amoebidae e Naegleriidae. A família Entamoebidae, cujos representantes se compõem quase só de parasitos, abrange todas as amebas parasitos, patogênicas ou não, do homem e dos animais. As demais famílias mencionadas, contendo espécies quase exclusivamente de vida livre, tem também importância médica porque alguns dos seus representantes podem desenvolver atividade patogênica no homem.
Embora o intestino do homem possa ser parasitado por diferentes espécies de amebas, a palavra amebíase é reservada apenas para designar o parasitismo por uma dessas espécies, a Entamoeba histolytica, única, de acordo com o consenso geral dos pesquisadores, capaz de desenvolver atividade patogênica. As demais amebas podem ser encontradas no intestino, a Entamoeba hartmanni, a Entamoeba coli, a Endolimax nana, a Entadamoeba bütschlii e a Dientamoeba fragilis, são destituídas de atividade patogênica. Seu conhecimento, porém, é muito importante, pela possibilidade de serem confundidas com a E. histolytica em exames de fezes; diagnóstico diferencial entre as amebas intestinais do homem se impõe, e é necessário ressaltar que esse diagnóstico só pode ser feito por um analista credenciado e consciencioso.
A E. histolytica apresenta duas fases no seu ciclo evolutivo: 1. Fase trofozoítica ou vegetativa (vive no intestino grosso ou nas últimas porções do íleo, movimentando-se, fagocitando e digerindo seu alimento e multiplicando-se por divisão binária); 2. Fase cística (ela se imobiliza, deixa de fagocitar, rodeia-se de uma membrana resistente – membrana cística – e vive à custas de substâncias de reserva acumulada durante a fase anterior, sobretudo substâncias protéicas e hidrocarbonadas).
As lesões produzidas pela E. histolytica localizam-se na mucosa e submucosa do intestino grosso. Sua distribuição relaciona-se com a estase do conteúdo cólico e ocorre na seguinte ordem, decrescente: ceco, cólon ascendente, reto, sigmóide e apêndice. Constituem-se em pequenas áreas edematosas, hiperêmicas, do tamanho de uma cabeça de alfinete ou de pequenas pápulas amareladas. O espectro infeccioso na amebíase varia desde a infecção assintomática do portador sadio até os casos abruptos e graves de abdome agudo.
São numerosos os medicamentos atualmente disponíveis para o tratamento da amebíase. De conformidade com a sede do seu efeito terapêutico máximo e com o modo de ação sobre a E. histolytica, eles podem ser resumidos conforme os pontos ou modos de ação: 

1. Amebicidas de ação direta, não-absorvíveis e eficazes na luz intestinal: derivados da hidroxiquinoleína, derivados arsenicais, haloacetaminas.
2. Amebicidas de ação indireta, eficazes na luz e na parede do intestino: antibióticos.
3. Amebicidas de ação tissular, eficazes não só na parede do intestino como também no fígado:  emetina, desidroemetina, tetra-amino-quiloneínas (cloroquina).
4. Amebicidas eficazes em todas as localizações: derivados imidazólicos.
A profilaxia da amebíase comporta medidas gerais e individuais. As gerais objetivam o saneamento do meio e incluem providências como a adequada remoção de dejetos humanos e fornecimento de água não-contaminada à população; uso de instalações sanitárias para remoção das fezes; proibição de fezes humanas como adubo; educação sanitária da população; inquéritos epidemiológicos para descoberta das fontes de infecção; tratamento dos indivíduos parasitados, doentes ou portadores sãos, mormente se forem manipuladores de alimentos. As medidas individuais são representada pela filtração ou fervura da água usada na alimentação; lavagem dos vegetais com água não-contaminada ou água fervida; não ingestão de vegetais crus, procedentes de focos de infecção; proteção dos alimentos contra moscas e baratas; lavagem cuidadosa das mãos após a defecação e antes das refeições.

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